Domingo à tarde. Horário que todos têm certo pavor, afinal daqui a algumas horas está chegando a maléfica segunda feira. Resolvi para passar o tempo arrumar a selva amazônica, ou melhor, meu armário. Depois de tirar todas as roupas, descobri uma caixa escondida bem lá no fundo. Abri ansioso, afinal, não lembrava de tal artefato, mas, surpresa maior, foram as relíquias que lá estavam. Bilhetes, fotos, boletins os quais, se tivessem sido rasgado no tempo certo, evitariam diversas surras. Ao ler um dos diversos escritos que lá estavam, fiquei curioso com um. Dizia: “Você é o amor de minha vida. Vou te amar para sempre. Beijos, Lúcia.” Mas, quem é Lúcia?
Dez anos se passaram. Será muito tempo para que eu esquecesse o amor de minha vida? Meu deus, essa duvida perdurava. Quem é Lucia? Porque não consigo lembrar - me dela? Será que foi uma grande paixão minha também? Chega! Vou ligar para Claudio. Esse conhece minha vida mais do que eu mesmo. Voltei para a estaca zero. A única Lucia que o Claudio conhece é a nossa professora na quarta série. Com certeza, não era ela.
Não conseguia dormir. Meu deus, eu era seu amor eterno. O que aconteceu? 1h 00 a.m, o telefona toca. Claudio ligou para Daniel, que é primo de João, que é irmão de Luiza, que estudou com a gente naquela época e que sabia quem era Lucia. Descobri que essa garota foi a primeira pessoa que beijei na quarta série, e em uma semana depois derramei suco na roupa dela, e nunca mais nos falamos. Essa historia toda, foi bastante engraçada, mas, queria conhecer essa pessoa que tanto me amou. Consegui seu telefone, e meio tímido, liguei e marquei nosso encontro.
Lucia é com certeza uma das mulheres mais bonitas que já conheci. Rimos muito de tudo o que aconteceu, e o mais engraçado é que ela também não lembrava minha existência. Hoje, casada e com filhos, uma excelente ortodontista, mas, não muito feliz. Afinal, o que acontece com esses amores para sempre que não duram?
O sempre inteligente Augusto Cury, considera que o amor é imortal, você pode negá- lo, sufocá - lo, enterrá - lo, mais ele jamais morre. Será que no caso com Lucia, ele morreu? Em casos de casamentos que duram menos de um ano ou duram na aparência, será que já falecerá?
As pessoas brincam com esse sentimento. Para alguns é apenas um jogo. Você entrega a corda, e seu parceiro (a) se enforca. Enquanto um despeja toda sua libido na relação, o outro vem, e despeja um banho de água fria. Por que isso acontece? Por que muitas relações estão acabando em um passe de mágica?
O amor verdadeiro acontece quando você não espera. Não é ajeitado, influenciado, muito menos arranjado. O amor entre duas pessoas é o que se chama a primeira vista. É a troca mútua de respeito, confiança, sabedoria e acima de tudo amizade. Muitas pessoas estão beijando rãs e sapos, em vez de esperar o príncipe encantado. Mas, a ultima vez que o querido leitor deve ter aberto um conto de fadas, deve ter a mesma idade do bilhete de Lúcia.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
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Olá Rodrigo! Olha, o que realmente acontece, é que as pessoas confundem paixão com amor, principalmente, quando isso ocorre na infância, ou mesmo, na adolescência. Será que foi o fato de teres reencontrado a Lúcia, que te afastou do teclado? Brincadeira.
ResponderExcluirAdorei o texto, consistente e bem coordenado. Parabéns!
Abraços,
Furtado.
Bela história... :)
ResponderExcluirÉ muito complicado falar sobre o amor,hoje em dia o amor esta muito desvalorizado e isso é uma pena, mas gostei do texto são essas pequenas experiências que a vida nos proporciona que nos faz despertar e valorizar tudo ao nosso redor.
ResponderExcluirTenha uma ótima semana... bjos!
Beatriz
caraca rodrigooo, foda o texto, adorei mesmo, de verdade!
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