quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Bandeira
O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é A VIDA !!!
(Manoel Bandeira)
sábado, 8 de agosto de 2009
Tiros em Itapoã
Três tiros em Itapoá
Escuto ao longe.
Vejo um corpo da sacada.
Uma mulher, loira, alta e no rosto uma pele apresentando idade está em pé diante do corpo
Um olhar fundo.
Meia hora depois, um grito.
Uma explosão de raiva, angustia, alivio. Não sei ao certo.
E somente eu estou fora da cama em todo bairro.
Depois do grito, policia.
Algazarra, imprensa e pessoas que acordam.
O corpo é levado, e no dia seguinte a noticia:
“Traficante procurado é morto a tiros em Itapoã”
Sua mãe, Dona Joana, uma bela loira alta, morreu em casa. Dormindo. Infarto talvez, não quis continua lendo, sei que amanha esse mesmo jornal estará embrulhando peixes.
E pelo andar da carruagem, peixes não deixarão de ser embrulhados.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Quero...
Seu vômito
Ser normal
Salivar
Sua distância
Seu beijo
Ser amável
Rir
Sua presença
Seu corpo escultural
Ser indômito
Discrepância
Sua voz a suspirar
Seu jeito sociável
Ser sua doença
Pão - de - Queijo
Sua palavra ao sair
Seu Deus
Ser Zen
Amar
Sua ausência
Seu corpo sem decência
Ser seu lar
Linquen
Sua comemoração do jubileu
Meu Adeus,
Ser feliz
VIDA
Minha felicidade.
domingo, 21 de junho de 2009
Diploma para jornalistas: ter ou não ter, eis a questão?
Respeitável público! Vai começar o espetáculo. O mágico tirará de sua cartola frases bem elaboradas, a trapezista fará seus passos em cima de vírgulas, o palhaço brincará com os acentos e de longe, avistaremos o Pingüim, comendo seu próprio trema. E eis que surge o grande responsável por esse espetáculo: o jornalista.
Essa profissão, que vive a trancos e barrancos não é tão nova quanto se imagina. O primeiro jornal regular de que se tem notícia foi a Acta Diurna, que o imperador Augusto mandava colocar no Fórum Romano no século I de nossa era. A publicação, gravada em tábuas de pedra, havia sido fundada em 59 a.C. por ordem de Júlio César, trazendo a listagem de eventos ordenados pelo Ditador .Na Roma Antiga e no Império Romano, a Acta Diurna era afixada nos espaços públicos, e trazia fatos diversos, notícias militares, obituários, crônicas esportivas, entre outros assuntos. O primeiro jornal em papel, Notícias Diversas, foi publicado como um panfleto manuscrito a partir de 713 d.C., em Kaiyuan, em Pequim, na China.
2009. Todos nós, jornalistas ou futuros, nos deparamos com um dilema. Diploma de jornalismo, necessário ou dispensável? Hoje, quarta feira dia 17, O STF decidiu por oito a um que o diploma não é necessário.
- “Um absurdo. A profissionalização é o diferencial de qualificação. Como o médico, o odontólogo, o jornalista que se dedica a estudar sobre a prática/ética deste ofício está mais apto a servir o social.” Diz Adriana Sangalli, jornalista formada.
De acordo com o ministro Gilmar Mendes, "Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”. Quer dizer, um excelente chefe de cozinha aprendeu seus pratos como? Ele não esteve em cursos, aulas, ou com mestres da culinária? Simplesmente retirou a receita da internet e a fez? A faculdade não nos ensina a escrever. Isso é um fato. Escrever é uma arte, nascemos com esse dom. Mas, a faculdade o aprimora, nos ensina a pensar, debater, ouvir, raciocinar. Aprendemos ética e teorias políticas. Muitos consideram a melhor etapa da vida. Outros, que já estão trabalhando, sentem falta e dizem que poderiam ter aprendido muito mais. E de repente, o STF abre um vácuo na vida de futuros ou atuais jornalistas.
Sem querer desmerecer outras profissões, bastaria, na concepção do STF, estudar leis e você pode ser um advogado? Ou para ser um bom engenheiro bastaria entender de cálculos e desenhos?
Muitos concordam que em vez de haver a retirada do diploma, a valorização da profissão é mais necessária. O profissional sofre a cada dia com piso baixo, falta de direitos básicos, o não cumprimento da carga horária pelos patrões e vários outros problemas que com o tempo se acentuam.
“Os novos jornalistas se formam pela televisão e esquece de que o que diferencia um bom e um mau jornalista é o senso crítico. É preciso ao invés de discutir a formação, deveria se discutir uma forma de se formar jornalistas mais inteligentes.” Finaliza Jaime Neto, jornalista atuante.